Inclusão Social

Este Blog prove um espaço de informações, pesquisa e interação com pesquisadores, profissionais, estudantes, familiares e portadores de deficiência que tenham interesse nos assuntos referentes à Nova Era da Inclusão Social.

Saturday, November 25, 2006

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO V

O PSICÓLOGO E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Maria Lucia Toledo Moraes Amiralian


Segundo a autora, a especificidade do psicólogo é a compreensão do mundo psíquico e a aplicação de procedimentos que venham a ajudar o ser humano em seu processo de desenvolvimento e adaptação às situações de vida, nos diferentes momentos de sua existência, em qualquer que seja o seu campo de atuação: clínico, escolar ou social.
Porém, na prática há uma dicotomia entre essas áreas, principalmente no que se refere à educação e à saúde, favorecendo a falta de integração entre os profissionais desses dois campos.
Isso se torna mais evidente com a Educação Especial que, por ficar no limiar entre a educação e a saúde, atualmente, encontra-se marginalizada.
Apresenta a posição dos profissionais adeptos da full inclusion que criticam o atendimento por professores especializados na comunidade escolar para os alunos cegos ou com baixa visão, por considerar uma atividade segregadora e, ao mesmo tempo, afirma que quando se trata da “reabilitação” dessas pessoas, as atividades são feitas no intuito de uma transformação das mesmas, com vistas a torná-las o mais possível semelhantes aos que enxergam.
Um outro aspecto destacado no texto é a pouca familiaridade do “jovem psicólogo” com as pessoas com deficiência visual, ou seja, eles recebem algumas informações teóricas, mas falta-lhes a vivência e a oportunidade para que se inteirem um pouco mais sobre as questões relacionadas à deficiência visual ainda em seus anos de formação.

As contribuições dos psicólogos para a educação e reabilitação

A autora apresenta as diferentes atuações dos psicólogos junto às pessoas com deficiência visual, destacando os seguintes momentos:
- No que se refere às crianças:
o Intervenção precoce: importância na prevenção de possíveis falhas e perturbações que poderão ocorrer para aqueles com problemas congênitos, tanto pelas dificuldades dos pais, e fundamentalmente da mãe, em aceitar a imperfeição de seu filho e ter condições de proporcionar-lhes uma saudável relação mãe-filho;
o Na primeira infância: fundamental importância a orientação aos pais que devem ficar atentos ao desenvolvimento psicomotor, da linguagem, da organização do esquema corporal, da integração no espaço e no tempo etc;
o Na idade escolar: tanto os alunos, como os pais e os professores especializados, devem ser orientados sobre as condições que mais facilitam e propiciam suas aquisições cognitivas e interações sociais mais amplas.
- Com os jovens: observar todas as dificuldades que ocorrem nesse período, principalmente a questão da própria adolescência, a luta pela independência, a definição da identidade, etc.
- Com os adultos: refere-se ao aspecto de perda da visão motivada por acidente em que deve ser discutida uma nova identidade acrescida por questões relacionadas à realização profissional.

A autora, a partir de alguns pressupostos winnicottianos, traz como aspectos fundamentais: a concepção de um desenvolvimento sadio para o deficiente visual e que a deficiência só se constituirá como uma condição perturbadora ou um distúrbio, na interação do indivíduo com o meio ambiente.
Dessa forma, apresenta como uma das principais funções do psicólogo para a educação e reabilitação das pessoas com deficiência visual a de transmitir a importância da aceitação da deficiência, para a pessoa, para seus familiares e para o ambiente que a cerca.
Um dos exemplos para mostrar as modificações introduzidas pela ausência ou limitação visual no universo mental das pessoas é o uso e conceito de tempo e espaço. O conceito de espaço adquirido pelas pessoas cegas, por meio de experiências tácteis-cinestésicas, difere do conceito de espaço adquirido pelos videntes: ele só pode ser adquirido pela contínua experimentação do movimento pela criança, e as informações recebidas precisam ser organizadas passo a passo para a construção do todo.
Destaca qual o propósito que dirige todas as ações do psicólogo no atendimento às pessoas com deficiência visual: a incorporação de uma atitude de crença na possibilidade de uma real integração entre pessoas diferentes, transmitindo essa certeza aos outros profissionais, familiares dessas próprias pessoas e à comunidade como um todo.

Outras abordagens da autora no que se refere à inclusão social:

- Não enfocar as incapacidades causas pela limitação ou ausência da percepção visual, mas o modo próprio de ser que constitui as pessoas que possuem uma deficiência visual;
- Maneiras diferentes de pensar e ser não se constituem como erro ou fracasso, mas, pelo contrário, a constatação da diferença é freqüentemente um dado enriquecedor.

Destaca que é de fundamental importância para a eficácia do atendimento aos indivíduos com deficiência, como o psicólogo incorporou e assimilou o conceito de deficiência, qual o significado que ele, consciente e inconsciente, dá à condição de cegueira, como ele se sente diante de uma pessoa cega ou de baixa visão.

Finalizando, a autora afirma que o psicólogo pode contribuir de várias maneiras e
em várias situações, mas em todas elas transmitindo a importância da aceitação, que não se restringe à aceitação da deficiência visual como uma condição da realidade, que não se pode deixar de constatar, mas sim de uma aceitação da pessoa como ela é.

BIBLIOGRAFIA:
MASINI, Elcie F. Salzano (org.). Do sentido...pelos sentidos...para o sentido... Niterói:Intertexto. São Paulo;Vetor, 2002.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home